Cheguei nos Estados Unidos para fazer o trainee com tudo certo: casa, comida e roomate arranjados. A empresa para qual eu iria trabalhar havia organizado tudo, inclusive uma casa para os escravos estagiários internacionais morarem.
Eu ia morar com o Felipe, um Brasileiro e a Iryna, uma Ucraniana. Puxa, estava super feliz de morar com alguém de um país tão diferente do meu e mal podia esperar a chegada dela na casa. Quando ela chegou, menos animada do que eu, percebi que realmente éramos de culturas muito diferentes.
Iryna nem sorriu e apenas reclamou de como a casa era longe de tudo e da junk food que a empresa tinha providenciado pra gente – o que rapidamente mudou de opinião. Um mês depois, ela estava tomando café da manhã com ovos, bacon e batata frita com ketchup. Sim, batata frita. Com ketchup. Ah, e comprando 20 dólares de donuts no mercado. O que dá mais ou menos uns 15 donuts só pra ela.
Mas não é da alimentação da Iryna que eu quero contar. E nem da falta de sorrisos – que eu culpo o frio e a história sofrida da Ucrânia por isso. Eu aprendi muito com ela. Foi ela quem me ensinou qual tipo de casaco e botas eu deveria usar no inverno. Era com ela que eu discutia a política do leste europeu. Me surpreendeu quando contou que nunca havia visto um negro na vida dela, o primeiro foi o Felipe que morava conosco. Também apresentei a ela o brigadeiro, inclusive ensinando como fazer. Ela contou que era fã do Murilo Benício da novela “O Clone” que passava na Ucrânia. E houve um verão que até compramos um piscina inflável para colocar no nosso jardim e tomar sol. Mesmo assim nunca conseguimos ser amigas de verdade. Talvez pela cultura ou talvez por termos interesses diferentes.
Quando Iryna chegou aos 24 anos nos Estados Unidos para esse trainee, ela tinha um namorado Ucraniano há cinco anos. O Sergei, que tentara fazer o mesmo trainee junto com ela, mas infelizmente tivera o visto negado por três vezes (as pessoas do leste europeu têm mais dificuldades para conseguir um visto nos Estados Unidos).
Mas Iryna não se abalou, afinal ela achava os homens da Ucrânia muito machistas. Me contou que sempre tinha que cozinhar para ele, pois isso era o que uma mulher devia fazer no país dela. E também que, nas baladas da Ucrânia, as mulheres dançavam enquanto os homens só observavam, sem dançar, escolhendo a melhor pretendente.
E foi nos Estados Unidos que Iryna descobriu que a vida amorosa poderia ser mais caliente do que ficar cozinhando para o namorado. Como no trainee tínhamos que fazer uma rotação por diferentes departamentos da empresa, tivemos muito contato com a mão de obra, que era basicamente formada por Mexicanos (legais no país ou não). E Iryna se encantou por eles. Namorou um em cada departamento que passamos. Era só começarmos um trabalho novo, que dias depois chegava um Honda Civic todo enfeitado em casa para buscá-la (Mexicanos adoram Hondas. E enfeites).
Não sei se era o cortejo, ou o espanhol que ela não entendia ou a pele bronzeada dos latinos. Mas um dia Iryna não voltou mais pra casa. No dia seguinte também não. E nem na semana seguinte. Até que voltou apenas para buscar suas coisas pois estava se mudando para a casa do namorado Mexicano. Na nossa casa, ela tinha um quarto só pra ela, com toda privacidade do mundo. Mas a paixão era maior, então preferiu viver com o Mexicano e toda a família dele. Pai, mãe, tios, sobrinhos… todos na mesma casa, o que é super comum entre eles.
O almoço de Iryna passou a ser tamales, tacos, chilli… Ela até já arriscava algumas palavras em espanhol. Até que um dia Iryna não apareceu mais no trabalho. Fugiu para Nova York com seu namorado ilegal Mexicano e nunca mais soubemos dela.
Iryna, onde quer que esteja, saiba que aprendi muito com você. Você me deu uma aula de que é possível sair de uma cultura e mergulhar em outra completamente diferente, sem preconceitos. E que a preconceituosa sou eu, que sempre digo “a Ucraniana louca que morou comigo”. Este post é pra você.
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