O golpe do amor em Paris

Quando você chega em Paris é lembrado o tempo todo de que aquela é uma das cidades mais românticas do mundo. Passeios de barco pelo Rio Sena, casais apaixonados entre as estátuas do Jardim de Luxemburgo e a Torre Eiffel onde você pode ser o espectador (ou quem sabe o personagem principal) de um pedido de casamento.

Mas o lugar considerado romântico mais curioso na minha opinião é a Pont des Artes com seus cadeados do amor pendurados.

A ponte que corta o Rio Sena, desenhada e construída no século XIX, é um “símbolo” do amor desde 2008, quando se tornou tradição turística em Paris os casais prenderem um cadeado na ponte e jogar a chave no Rio Sena, selando seu amor para sempre.

No entanto, a prática tem se tornado polêmica. São tantos cadeados pendurados que os parisienses questionam a preservação da arquitetura da ponte, considerando-os inclusive como poluição visual. Sabia que existe até uma petição online para que os cadeados sejam retirados? Para os moradores da cidade é difícil entender porque a cidade tem que sacrificar sua história e arquitetura pelo turismo. E lembrando que se um dia você e seu amado prenderam um cadeado na ponte, provavelmente ele não está mais lá.  O painel de alambrado da ponte é frequentemente substituído por novos painéis por se tornarem pesados com os cadeados.

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Da última vez que fui a Paris não havia romantismo nenhum na minha viagem. Estava sozinha e mais interessada nas atrações culturais da cidade. Fui parar na Pont des Arts por acaso, durante uma caminhada após visitar o Museu D´Orsay. A princípio, achei romântico os casais demonstrando seu amor por ali. Nem tão romântico pela quantidade de vendedores de cadeados. Afinal, “amor para sempre” comprado perde seu encanto, não é mesmo? E ainda haviam os policiais atrás dos vendedores. Porque colocar cadeado pode, mas você deve trazê-lo de casa.

E no meio disso tudo, caminhando sozinha pela ponte, me tornei alvo de uma mulher que se passava por cupido. E até falava inglês! Um cupido bilíngue que me perguntou com uma aliança na mão: “É sua?”. Quando respondi que não, ela imediatamente disse: “Mas fique com você para dar sorte”. Desconfiei, mas querendo ser simpática, peguei a aliança agradecendo. E foi aí que o “cupido” me disse: “Será que você poderia me dar alguns euros por isso? Do contrário você não terá sorte no amor”. Devolvi a aliança e fui embora um pouco decepcionada com o que se passa na ponte, deixando para trás os vendedores de cadeados, os policiais e golpistas. Afinal, do amor temos uma única certeza: ele não precisa de aliança da sorte e nem trancas para durar para sempre. Talvez apenas uma ponte com vista para o Rio Sena seja o suficiente para proporcionar algum romantismo.

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