A Fernanda é uma pernambucana corajosa que escolheu a Turquia para fazer seu intercâmbio. Alguém duvida de que a experiência dela foi diferente de tudo que já tinha feito?
Ela morou por um ano, em 2006, com duas famílias turcas diferentes. Disse para todo mundo que foi estudar, mas na verdade sabemos que ela queria mesmo era viajar!
Por que escolheu a Turquia?
Fui pelo programa do Rotary, no qual poderia escolher outros países. Mas não tive dúvidas na hora de escolher! Queria um país diferente e próximo da Europa. E nada melhor do que um país que fica em dois continentes (Ásia e Europa), um país predominantemente muçulmano e com uma língua diferente.
Como você foi recebida pelos turcos? Como eles te tratavam?
Os turcos, nesse aspecto, são bem parecidos com os brasileiros – eles até dão dois beijinhos no rosto, inclusive entre os homens, que ainda andam abraçados. Minha primeira família foi muito acolhedora apesar de apenas meu pai e uma irmã falarem inglês. Conheci muitos amigos dos meus familiares, e todos foram simpáticos comigo.
Quais foram os choques culturais que você teve quando chegou?
Estava bem preparada para essas diferenças culturais. Apesar de ser um país laico e não ser obrigatório o uso do véu, era diferente ver muitas mulheres usando. Percebe-se que, apesar de modernos, são bem conservadores. Na escola tudo era muito rígido, não era permitido usar brinco, colar, anel e pulseiras, o cabelo devia estar sempre preso, e os alunos cantam o hino todas as segundas e sextas. Em um dos meus primeiros dias na escola vi uma professora gritando com uma aluna e fiquei bastante assustada. Não fazia ideia do que aquela garota tinha feito para gritarem com ela daquele jeito. Depois de um tempo, perguntei a um dos meus colegas o que e a resposta foi que ela tinha pintado o cabelo, o que não era permitido na escola.
Certo dia estava andando pelos corredores do colégio e uma professora me parou e começou a falar sem parar. Eu não estava entendendo absolutamente nada, até que uma colega disse à professora que eu era intercambista e brasileira. E então ela disse à minha colega que eu deveria prender o cabelo.
Como era a casa que você morava e a relação com a família?
Minha primeira família, apesar de moderna, era mais conservadora que a segunda. Minha mãe era mais rígida, ela que mandava na casa. Uma vez levei bronca por chegar tarde, depois da hora que ela havia estabelecido. Meu primeiro pai era muito legal, gostava muito de conversar com ele e eu também tinhas duas irmãs, uma universitária e outra que estava fazendo intercâmbio fora. Já minha segunda família era bem diferente. Só tinha meu pai e um irmão pois meu pai era separado. A casa era enorme e tudo era mais tranquilo. Meus programas em família eram sair para jantar com meu pai, irmão e avós paternos, jogar ping-pong com meu irmão, assistir Lost, assistir o jogo do Fenerbahçe (futebol). Meu pai até deixava eu levar outros intercambistas de outras cidades pra passarem alguns dias em casa. Mas também levava bronca quando não ia para escola ou coisas do tipo. Achava isso legal pois significava que eles se importavam comigo.
É fácil conhecer as pessoas na Turquia? Quem eram seus amigos?
Conheci muitos turcos. Fiz alguns amigos na escola, saía com eles para conhecer a cidade ou ir para algum café. Tenho contato até hoje com alguns deles. Mas como viajava bastante, meus amigos mais próximos eram outros intercambistas ou turcos que já tinham sido intercambistas e eram mais abertos a fazer amizades. Haviam muitos brasileiros na Turquia e sempre viajava para visitá-los em suas cidades. Também fiz muitos amigos mexicanos, brasileiros e americanos.
Você viajou para mais algum lugar enquanto estava lá?
Viajei bastante pela Turquia. Fui de norte a sul. Fui para uma cidade chamada Samsun no norte do país onde conheci o Mar Negro. Fui para o sul do país e conheci Mersin, onde visitei um castelo que fica no meio do Mar Mediterrâneo, conheci ainda Iskenderun onde comi no Burgerquin e comprei meu narguiler. E Antakya que já fica bem próximo da Síria e se vê muitas pessoas falando árabe e placas de carro da síria. Lá visitamos a primeira igreja do mundo, a igreja de São Pedro. Fui para Capadócia que fica na região central nas cidades de Goreme, Urgup, Nevsehir e Avanos. Fui para Pamukkale, que quer dizer castelo de algodão e fica próximo à cidade de Denizli. Fui pra cidade destruída de Troia que fica próximo a cidade de Çanakkale. Fui para a cidade Greco- Romana de Éfeso onde visitei a biblioteca de Celso, a casa da Virgem Maria, que fica próximo a Selçuk. Visitei o hospital de Pérgamo, hoje atual Bergamo. Visitei ainda o templo de Afrodite. Fui para a cidade praiana de Antalya onde visitei o teatro de Aspendo construído em 160 a.c e que se encontra em bom estado. Fiz uma viagem pelas praias turcas onde visitei; Izmir, Çesme, Bodrum e Marmaris – cidades fantásticas. Ainda estive nas cidades de Konia, Eskisehir, Bolu. Sem falar da grande Istambul, que é uma cidade maravilhosa e com muitos lugares para visitar, como o grande bazar, bazar egípcio, fortaleza da Europa, Cisterna da Basílica, Mesquita Azul, Santa Sofia, Palácio de Dolmabahçe, Palácio de Topkapi, entre tantos outros lugares que se tem para visitar. Viajar era o que mais gostava de fazer, mas ainda faltaram alguns lugares que gostaria de ter conhecido. Vou ter que voltar!
E a comida? Muito diferente do Brasil?
Muito diferente! A base da alimentação de lá é frutas, legumes e pães. Eles não têm o almoço como refeição principal, mas sim o café da manhã. E o jantar e almoço tem só um lanche. No começo levei um susto pois não tinha o hábito de comer pepino, tomate e azeitona no café da manhã e no jantar. Carne só de carneiro ou peixe. E não era sempre que tinha. Cheguei a perder 5kg no começo e comecei a achar que estava doente, já que a maioria dos intercambistas ganha peso. Mas isso foi só no começo, depois me adaptei com a comida e voltei para o Brasil com 5kg a mais. Meu prato favorito é o iskender. Mas tem ainda folhas de couve recheadas, folhas de videiras recheadas, pimentão recheado, manti, gozleme, pide, doner kebab, tosta kumru, simit, sem falar no iorgute, no chá e nos inúmeros doces como o baklavar.
Tive uma história engraçada com comida turca. Em um dos meus primeiros dias na Turquia, minha mãe chegou com um pote cheio de sementes perguntando se eu queria. Como queria causar uma boa impressão, enchi a mão de sementes e coloquei na boca. Me senti quase um passarinho comendo sementes de girassol e abóbora! Foi então que minha mãe deu uma risadinha e me mostrou como comia a semente, que se tira a casca antes. Nos jogos de futebol é o tira gosto favorito das pessoas.
E a questão religiosa? Você frequentava algum lugar?
Sou católica e foi difícil encontrar uma igreja em Ankara. Mas minha primeira família descobriu uma na embaixada da França e fui com meu primeiro pai. Me surpreendeu ele ter gostado pois a missa foi toda em turca, diferente do que acontece nas mesquitas onde todas as orações são em árabe. E ele também achou confortável já que podia ficar sentado e não de joelho como os muçulmanos. Acho que a missa serviu mais para ele que para mim. Na minha primeira família, só minha mãe fazia as orações diárias e fazia o jejum no Ramadã (ramazan em turco), onde ela acorda de madrugada, antes do sol nascer para comer e só come novamente quando o sol se põe. Era engraçado vê-la agoniada arrumando a mesa do jantar, olhando para televisão que mostra as cidades onde o sol já se pôs, esperando dar o horário para poder comer. Na televisão eles mostram as cidades onde o sol já se pôs. Já na minha segunda família meu pai não tinha religião.
A religião Islâmica é muito interessante. Acreditam em anjos, no paraíso e no inferno. Antes de entrar nas mesquitas devemos tirar os sapatos e em algumas eu precisava colocar o véu também. Além disso, os muçulmanos se lavam, lavam os pés e o rosto em forma de purificação. Os meninos depois dos 3 anos e antes dos 9 fazem a circuncisão com uma festa organizada pela família para esse momento. Os meninos se vestem de príncipes e são levados às mesquitas para fazerem suas orações.
Moraria na Turquia para sempre?
Para sempre eu não sei, mas moraria novamente por mais uns anos. É um país bom para morar, mas não um país bom para viver para sempre como o Brasil.
Você acha que a Turquia mudou quem você é?
Sim, muito. Me mostrou que o mundo é muito maior e que existem pessoas completamente diferentes de mim. Me ensinou a conviver e respeitar as diferenças. E também a enfrentar diversidades e resolver problemas sozinhas, sabendo a hora de pedir ajuda.
Conte algumas curiosidades sobre a Turquia que você gostaria que as pessoas soubessem.
Lá a nossa figa, “fazer figa”, é um insulto. É como se você estivesse mostrando o dedo do meio ou até pior!
Não se deve cruzar a perna quando está sentado mostrando o solado do pé para outra pessoa. É considerado uma falta de respeito. Tive um colega intercambista que levou uma bronca por fazer isso. E esse mesmo colega teve a “sorte” de ficar em uma casa onde só havia banheiro turco, que é um buraco no chão. No começo ele disse que era complicado, mas que se adaptou rápido.
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