Tenho percebido que ultimamente todo mundo quer “largar tudo” para viajar. Eu também quero porque não sou boba nem nada. Como todas essas pessoas, também acho que não há nada melhor na vida do que um bom período viajando ou estudando, trabalhando fora do país.
Voltei da Argentina e fiz algo que raramente faço, que é mostrar as fotos da viagem pro meu pai. Fui passando foto por foto, explicando o que era, o que eu fiz e até procurei vídeos no youtube para explicar melhor como funcionava um glaciar. Até que meu pai disse: “Nossa, acho que essa foi a viagem que você mais gostou. Porque você nunca mostra as fotos e fala de um lugar com tanta empolgação como está falando da Patagônia”.
Pois é, se eu fosse você arrumava a mochila, pesquisava as passagens e preparava seu bolso para a viagem (eu, pobrinha, querendo algo baratex na América do Sul achei lá bem caro). Mas, a Patagônia foi um dos lugares mais encantadores que já conheci. Eu diria que está no meu top 5. E a boa notícia é que fica aqui do ladinho.
Eu fui sozinha e foi bem prazeroso e seguro. Conheci muita gente pelo caminho, fiz trilhas em grupo, trilhas sozinha e me senti aventureira. Porque para ir à Patagônia tem que ter disposição – se você for pra lá mas não se meter numa trilha que leva para algum lugar deslumbrante, não vai conhecer a Patagônia direito. As trilhas podem ser de até quatro horas para ir e mais quatro para voltar.
El Calafate
A primeira cidade da Patagônia foi El Calafate. E quando cheguei, já fui engolida pela intensidade das coisas. Nada lá se faz rapidinho. Não dá pra ir-até-ali-ver-aquele-atração-rapidão e depois já pular para outro ponto (ainda bem). Você vai precisar de tempo para fazer as coisas, cada passeio toma um dia todo.
E foi lá que vi a paisagem mais incrível da vida – o glaciar. Uma grande camada de gelo formada pela neve que escorre das montanhas e encontra-se com a água. Anos atrás vi o vulcão Stromboli em erupção no meio do mar e fiquei hipnotizada, mas o glaciar me surpreendeu ainda mais; provavelmente por estar mais perto, acessível, por poder tocá-lo e caminhar sobre ele. E, assim como o vulcão, o glaciar está vivo – vez em quando um bloco se desprende, cai na água e altera toda a paisagem do local. Isso causa um barulho tão alto que parece que o glaciar vai se quebrar no meio. E o prazer de observar o Perito Moreno está justamente em esperar por esse momento. Até ouvi um gringo ao meu lado dizendo: “O ser humano tem um encantamento por ver as coisas se destruindo”.
Eu coloquei esse vídeo pra você entender como funciona essa coisa do bloco de gelo se desprender do glaciar, mas estou com medo que você não perceba a emoção que é estar lá na frente assistindo a tudo isso. Tem um monte de gente falando no vídeo, gritando e aí não dá pra ouvir o “estouro” do bloco e nem sentir toda aquela emoção. Assiste sem som vai…
Mais uma foto de Glaciar porque eu ando obcecada por eles:
El Chalten
Depois de uma amiga que morou na Patagônia insistir, fui para El Chalten – uma cidade super simples, dessas que a gente acha que não tem nada pra fazer (e é por isso que você tem que ir, porque essa simplicidade vai acabar logo). É um dos lugares favoritos na Patagônia para quem gosta de trilhas. Se você não gosta, nem perca seu tempo indo pra lá.
A maior atração é o Fitz Roy. Para vê-lo, tive que andar por duas horas numa montanha até chegar no mirante (eu sou zero condicionamento físico, então qualquer trilha já me cansa) e, no fim das contas, voltei arrependida por não ter andado mais duas horas e chegado ainda mais perto dele.
Fui pra El Chalten com a impressão de que estava trocando Torres del Paine por lá (eu não tinha tempo para os dois lugares). Mas descobri que El Chalten jamais é um plano B. Hoje ela está entre as principais cidades da Patagônia.
Ushuaia
Em seguida fui para o Ushuaia, a cidade mais ao sul do mundo. Não achei a cidadezinha tão bonita como El Calafate. Na verdade ela é bonita como um todo, vista do mar, por exemplo. Mas no detalhe, nas ruas, uhnnn… nem tanto. Mas é uma cidade agradável e gostosa de caminhar. Vale a pena.
Hoje penso que deveria ter feito diferente: primeiro ir para o Ushuaia e depois para El Calafate e El Chaltén. Digo isso porque eu já tinha gostado tanto dos dois lugares, que ao chegar em Ushuaia me decepcionei um pouco.
Peguei o barco pelo Beagle Channel, fui ver os pinguins na Pinguinera, fiz uma trilha merreca pelo parque Tierra del Fuego, mas só me surpreendi mesmo quando fiz mais uma trilha com uma paisagem de tirar fôlego para a Laguna Esmeralda! E aí já não queria mais ir embora do Ushuaia.
Os hostels geralmente são grandes protagonistas das viagens. Muitas vezes roubam a atenção do próprio lugar que você está visitando. Na viagem Patagônia-Ushuaia-Buenos Aires fiquei em quatro hostels diferentes e de cada um eu trouxe uma história diferente. Você vê algumas delas aqui: Leia mais…
Eu raramente fico ansiosa com uma viagem. As coisas acontecem de forma muito distraída pra mim. Até eu entrar no avião, nem cai a minha ficha de que estou indo viajar. Sempre foi assim. Isso é ruim porque não dá aquela sensação empolgante de pré-viagem e também acaba prejudicando o planejamento. Às vezes me preocupo tão pouco que acabo esquecendo de planejar coisas básicas – já contei da vez que comprei um pacote pra Cancun, esqueci a data da viagem e quando fui verificar o embarque era no dia seguinte? Então… Leia mais…